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Voltar Publicado em: quinta-feira, 6 de agosto de 2020, 1h59

5° Webinar discute atualizações frente à biosseguriadade, bem-estar animal e antibióticos

O evento trouxe dois especialistas que traçaram um panorama entre o bem-estar animal no Brasil e nos Estados Unidos 

A segunda série de webinars começou nesta quarta-feira, e desta vez, as conferências abordam os assuntos referentes a biosseguridade, bem-estar animal e uso de antibióticos. Desde o início de junho, a ABCS, em parceria com o portal 333 Brasil vem promovendo eventos técnicos entre especialistas, de forma online, com o intuito de levar informações de qualidade sobre, e para o setor suinícola. Quatro webinars já foram realizados, e na primeira fase, trouxeram temas referentes a Covid-19 e a cadeia de carnes. Já este novo webinar, se dedicou a debater os desafios para a aplicabilidade do bem-estar animal na suinocultura. 

Mediado pela doutora em medicina veterinária e diretoria técnica da ABCS, Charli Ludtke, em conjunto com a mestre em sanidade animal e gerente da 333 Brasil, Roberta Leite. O evento recebeu os médicos veterinários Juliana Ribas, coordenadora de produção e especialista em bem-estar animal da Agroceres PIC, e José Piva, gerente de serviços técnicos para as Américas da PIC. Juliana abriu o debate falando um pouco sobre as experiências brasileiras no tema. Segundo ela, as boas práticas de produção vão muito além de gestação coletiva, e devem ser vistas como uma harmonização de princípios, focando em saúde e bem-estar dos animais, das pessoas e o equilíbrio com o ambiente. “Se trata da viabilidade econômica da cadeia, menos gasto de insumos naturais e menor mortalidade. Quando as boas práticas não são priorizadas, podem haver perdas dos índices de produtividade nas granjas, e no transporte frigorífico, pode acarretar em perda na qualidade do produto, riscos de acidentes, pode também ocorrer redução da eficiência do trabalho, aumento de perdas de mercado e prejuízos na cadeia produtiva.”  

Ela comenta ainda, que o bem-estar animal é um compromisso que vem sendo cobrado por parte dos consumidores, uma das marcas da nova geração, que hoje está na casa dos 20 anos, mas no futuro ocupará o topo da pirâmide econômica e de consumo. “A suinocultura, e as agroindústrias que produzem alimentos tem que ir de encontro ao que o consumidor quer. As principais preocupações desses consumidores quando se trata de produção animal são o uso de antibióticos, hormônios, regulamentação, como o animal é tratado e práticas sustentáveis. Comer é um ato complexo, o ser humano come para satisfazer necessidades biológicas, psicológicas e sociais. Precisamos entender essas novas necessidades e comportamentos. O consumidor está cada vez mais distante da produção no campo, e as pessoas se informam de maneira diferente. É necessário difundir informações corretas, será que a cadeia está comunicando o que faz de bom e de correto? Temos que trabalhar a cadeia suinícola, para fazermos o certo, da melhor forma possível, sempre.”

Já José Piva, falou sobre a perspectiva americana, que segundo ele, vê o bem-estar animal de forma bastante ampla, com aderência inclusive de diversas marcas multinacionais, que adotaram o bem-estar como uma parte essencial do trabalho. “Quando alguém constrói uma granja, o objetivo é produzir carne de qualidade para um consumidor exigente. As empresas americanas costumam seguir uns padrões exigidos pelo programa da Pork Chekoff, We Care, que se fundamenta sobre os pilares de segurança do alimento, bem-estar animal, práticas de proteção a saúde pública, preservação dos recursos naturais e contribuição ao desenvolvimento social. Vai desde as condições do ambiente e instalações, até às boas práticas de bem-estar animal, eutanásia e regulamentação de transporte. Todas as empresas têm princípios que regem esses protocolos, principalmente relacionados ao treinamento de funcionários em bem-estar animal e segurança do trabalho. No momento da contratação o funcionário é obrigado por contrato a comunicar qualquer caso de tratamento indevido dentro do ambiente de trabalho. As agroindústrias americanas encaram a área de bem-estar animal como um departamento, pessoas responsáveis por monitorar, acompanhar e capacitar, assim como um departamento de RH.”  

Para ele, as prioridades mudam com o tempo, mas o bem-estar animal e o uso prudente de antibióticos é uma preocupação mundial, e todos os países estão trabalhando nessa área. “Na década de 90 todo o foco era para o meio ambiente, e nos anos 2000 começou a se falar sobre bem-estar animal. Não há como estar na atividade da suinocultura e não ter essa palavra presente, os desafios podem ser convertidos em conhecimento e oportunidades. Nem todos têm a mesma visão a respeito do bem-estar animal, mas não se trata apenas de instalações, mas também de conscientizar as pessoas. A era do não pergunte, não fale já acabou. Hoje em dia as pessoas perguntam e a gente tem que falar. Precisamos abrir as portas, comunicar a sociedade e repassar informações para conseguir chegar no consumidor. Tem muita coisa sendo feita em termos de produção, transporte e frigoríficos. A evolução é grande, mas precisa seguir melhorando.” 

Os desafios são muitos, para Juliana Ribas, muito da resistência que ainda existe no Brasil se deve ao medo do novo, e é um processo contínuo de evolução. “As pessoas temem o que não conhecem. Profissionais mais antigos não tiveram disciplinas de bem-estar na formação acadêmica, e essa formação básica te ajuda a enxergar o bem-estar animal como uma saída, que integra diversas boas-práticas como um resultado de todos os pilares trabalhados na granja. É uma mudança de cultura e conceito, uma transformação feita através de informação e treinamento, e que não ocorre de forma rápida. O bem-estar é bom, é simples e traz ganhos para todos.” 

Os especialistas apostam em quatro pontos para a implementação das boas práticas: a criação de regulamentações específicas, que além de diretrizes, irão criar também segurança jurídica ao suinocultor. Assim como, a Minuta de Instrução Normativa (MAPA) de cunho orientativo, que está em tramitação, sobre a adoção de boas prática e bem-estar animal nas granjas comerciais, apoiada pela ABCS junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Institucionalizar o bem-estar como parte da filosofia das empresas, reconhecendo essa necessidade e monitorando perdas decorrentes de manejo, é essencial. E por último treinamento e informação. Para diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke, “o bem-estar não é uma ciência isolada. Muitas vezes as informações não chegam a quem precisa, mas treinamentos e monitoramento dos dados, realizados por quem dá assistência as granjas, são capazes de promover grandes mudanças. Quando se tem um programa de bem-estar implantado com auditoria interna e monitoramento dos dados, a evolução é muito rápida.” 

O evento contou com 622 inscritos, de países como Brasil, Colômbia, Argentina, Peru, Chile, Bolívia, Uruguai, México, Espanha, Equador, Costa Rica, Estados Unidos e Venezuela. O Presidente da ABCS Marcelo Lopes, aproveitou a ocasião para agradecer aos contribuintes do Fundo de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS) que possibilita ações como essa, “o fundo é extremamente importante pois nos dá condição de promover e levar informações para toda a cadeia. A ABCS representa 90% do rebanho tecnificado brasileiro, e o Fundo traz investimentos a cadeia de valor da suinocultura brasileira. Quero agradecer a todos que fazem parte do FNDS.”