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Voltar Publicado em: quinta-feira, 10 de setembro de 2020, 3h04

ABCS e 333 Brasil discutem o uso racional de antimicrobianos

O 7° webinar técnico reuniu um trio de especialistas e 464 inscritos na última quarta-feira 

Realizado no dia do Médico Veterinário (9/9), o 7° webinar técnico promovido pela ABCS em parceria com a 333 Brasil, reuniu um trio de especialistas para discutir o uso racional de antimicrobianos na suinocultura. Foram convidados, Suzana Bresslau do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A doutora e professora associada da USP, Andrea Moreno, e o doutor e gerente técnico da Trouw Nutrition, Maurício Dutra.  Mediado pela diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke, juntamente com a gerente da 333 Brasil, Roberta Leite, o Webinar contou com 464 inscritos de 16 países diferentes. Marcelo Lopes, presidente da ABCS, abriu o evento parabenizando todos os profissionais Médicos Veterinários, e também agradeceu aos contribuintes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS) que possibilita ações como estas: “se hoje estamos onde estamos na suinocultura brasileira, é porque existem profissionais por trás. Agradeço a dedicação de todos vocês.”

A professora Andrea Moreno falou sobre a “Resistência aos Antimicrobianos, Cenário e Implicações Práticas.” Ela explicou de forma prática como funciona o processo de resistência bacteriana. “A resistência vai ocorrer na modificação do genoma das bactérias, de forma vertical ou forma horizontal. Quando usamos um antimicrobiano e ele encontra uma bactéria resistente, essa bactéria tem aí uma oportunidade de se multiplicar, podendo até transferir esses genes de resistência para outras bactérias.” Ela explica também que “é importante termos em mente que a resistência não se dá somente pelo de antimicrobianos, essa resistência existe naturalmente, pois os antimicrobianos que temos hoje são derivados de outros microrganismos, e a bactéria em algum momento da evolução cria mecanismos para se defender deles. Então, essa resistência já existe na natureza. Só que quando começamos a usar o antimicrobiano de forma excessiva nós selecionamos essa população e elas começam a reproduzir esses genes a outros organismos virulentos que são prejudiciais à saúde animal e humana. Sabemos que o uso de antimicrobianos é importante e por isso temos que preservar a eficácia deles.” 

Também do ponto de vista integrativo, a veterinária Suzana Bresslau falou sobre a importância da saúde única, que vincula a saúde humana e a animal. Dentro da palestra sobre “políticas públicas nacionais e internacionais para a redução do uso dos antimicrobianos”, Suzana comentou sobre as recomendações nacionais e mundiais, que envolvem governança, legislação e fiscalização. “A eficácia dos antimicrobianos é um bem que temos que zelar, reiterada pela Organização Mundial da Saúde Animal. É comprovado que o uso imprudente dos antimicrobianos reduz sua eficácia. O uso responsável é parte das boas práticas veterinárias. A partir do momento em que zelamos por isso, prevenimos questões referentes à resistência. Não dá para trabalhar esse tema de forma separada.” Ela destacou o papel da medicina veterinária preventiva, as ações realizadas pelo MAPA, o trabalho colaborativo e as recomendações e diretrizes da Aliança Tripartite- Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) visando promover a conscientização frente ao tema, fortalecendo o conhecimento e a base científica, assim como incentivando a adoção das boas práticas agropecuárias e reduzindo a incidência de infecções. “Antimicrobianos só devem ser utilizados quando prescritos por um veterinário treinado, respeitando a dosagem, o período e usos recomendados na bula” conclui. 

Já o Doutor Maurício Dutra trouxe a experiência de campo ao debate, comentando estratégias para a redução de uso de antimicrobianos na prática. “Primeiro fazemos um diagnóstico da situação, depois implementamos medidas de monitoramento com checklist, com enfoque na biosseguridade e, na sequência, implementamos um plano de ação na granja com medidas corretivas gradativas.” Ele explica que o processo segue etapas que envolvem o levantamento de dados zootécnicos e de saúde do rebanho, parâmetros de uso de antibióticos, exames laboratoriais e o monitoramento das patologias durante o abate desses suínos em frigoríficos. Depois são adotados procedimentos de biossegurança para reduzir o surgimento de enfermidades e contaminações. E por último o plano de ação é estruturado com os ajustes necessários de manejo, na limpeza e desinfecção da granja, no programa de vacinação, ajustes nutricionais, e a implementação de métodos alternativos para atingir o uso racional de antibióticos nas granjas.

Nas palavras da Diretora Técnica Charli Ludtke, “A temática do uso prudente de antibiótico é um desafio importante. Não é um processo difícil a ser implementado, mas é necessário trabalhar integrado envolvendo a biosseguridade, o bem-estar animal, as boas práticas agropecuárias e os manejos preventivos (vacinação e o uso de substitutivos aos antibióticos). A aplicação do uso prudente de antibióticos é uma responsabilidade compartilhada de todos os envolvidos na cadeia, e possuímos bons profissionais capacitados para atingir as metas pretendidas, assim como tem ocorrido em diversos países. Aproveitando o gancho, por ser um tema bastante recorrente, em 18 de setembro, no próximo webinar, compartilharemos experiências quanto a redução de antibióticos implementadas pela Espanha e o Canadá.”

Assista o webinar completo: