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Voltar Publicado em: terça-feira, 22 de setembro de 2020, 5h20

ABCS e 333 Brasil trazem para debate: fábrica de ração e a perspectiva mundial sobre a redução do uso de antimicrobianos

O evento reuniu cinco especialista que falaram do Brasil, Espanha, Canadá e Estados Unidos

Dando continuidade a discussão sobre o uso de antimicrobianos na suinocultura, a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e o portal 333 Brasil promoveram mais um webinar na última sexta-feira. Desta vez com um time ainda maior de especialistas que trouxeram as perspectivas brasileiras, espanholas, canadenses e americanas. Com o tema “Experiências dos países em relação à diminuição do uso de antimicrobianos”, o evento reuniu 450 inscritos de 15 países diferentes. Para a Diretora Técnica da ABCS, Charli Ludtke, o intuito é “compartilhar experiências.” 

A zootecnista e Gerente de Segurança Alimentar da Trouw Nutrition, Fernanda de Andrade trouxe a temática do ponto de vista brasileiro e sua experiência em análises de risco e implementação de boas práticas em fábricas de ração. O trabalho começa com diagnóstico da situação das fábricas e com análises em diferentes momentos para identificar possíveis fontes de contaminação que possam ser transmitidas para os animais, como salmonella por exemplo. Segundo ela, os riscos de infecção não podem ser reduzidos nas granjas se os alimentos ingeridos pelos suínos não estiverem descontaminados.

Ela citou também os nove pontos que devem ser observados e que estão presentes nas normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre segurança alimentar e boas práticas de fabricação. São eles: qualificação de fornecedores, limpeza e higienização das instalações, higiene e saúde do pessoal, potabilidade da água, prevenção de contaminação cruzada, manutenção e calibração de equipamentos e instrumentos, controle integrado de pragas, de resíduos e efluentes e a adoção de um programa de rastreabilidade. Para ela “quem não mede não gerencia. Precisamos olhar mais para as nossas fábricas. Temos que ver as normas estabelecidas para fábricas de ração como pontos extremamente relevantes e positivos, e não como burocracia. Essas normas são essenciais para o aprimoramento da cadeia.”

Já a Espanha foi representada pelas Médicas Veterinárias da Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) Cristina Madero, coordenadora do Plano Nacional de Antibióticos (PRAN), e Cristiana Justo, atuante no PRAN. O país que já foi um dos que mais usava antibióticos em toda a Europa, hoje compartilha o êxito em ter reduzido uma boa parte desse total, através do Plano que implementou o programa Reduce Antibióticos. Cristina explicou como funciona o programa, que se baseia em uma participação voluntária com pautas de manejo, biosseguridade e higiene, manejo de tratamentos e redução de uso de antibióticos críticos. Que resultou numa redução em quase 60% no uso de antimicrobianos em todo o território. Cristiana focou sua fala na necessidade de adotar o uso responsável e entender que prevenir é melhor do que remediar, em outras palavras, adotar a biosseguridade, o bem-estar animal, o manejo correto nas granjas (a exemplo, vacinação), associado ao uso responsável (diagnóstico precoce, análises microbiológicas, e alternativa aos antibióticos críticos).

Sobre o Canadá, o Diretor de Qualidade, Saúde, Pesquisa e Desenvolvimento da Les Eleveurs de Porcs du Québec, Raphael Bertinotti atribui o êxito do país a fatores de regulamentação e rastreamento. O Canadá investiu em uma política de estado baseada conhecimentos científicos para o monitoramento do uso de antibióticos e da resistência, desde 2009. E assim estabelecer metas realistas e que requerem tempo. Ele explicou que, desde 2018, por Lei Federal, o uso de antibióticos preventivos (promotores de crescimento) nas rações é proibido, e que o Governo estipula que antibióticos sejam comprados apenas com receita do Médico Veterinário responsável pelo rebanho. Além disso, as empresas que vendem os medicamentos devem reportar seu uso e, em paralelo, o Governo mantém um sistema de acompanhamento e monitoramento da resistência bacteriana. 

Para o Médico Veterinário e Professor Associado da Faculdade de Minnesota,  Fábio Venucci, os Estados Unidos estabeleceram um cronograma de restrição do uso de antimicrobianos, por meio de ações técnicas implementadas desde 2016, que abrange desde o aumento de vacinação (programas vacinais com base nos desafios sanitários do sistema), biosseguridade, densidade de animais, uso alternativos de antimicrobianos, reorganização de pirâmides de produção, alojamento e ambiência, formulação de ração e outros (aumento da idade de desmame e treinamento de pessoal). Vannucci reforça que estas ações também são importantes para a suinocultura brasileira, e que regulamentações tem que ser acompanhadas de um bom programa de monitoramento.

Nas palavras da Diretora Técnica da ABCS, Charli Ludtke “é importante poder compartilhar informações tão relevantes entre realidades distintas da suinocultura internacional. Estamos no 8 Webinar, onde abordamos a temática de uso racional dos antimicrobianos. Nesse evento, tivemos a oportunidade de trazer especialistas com embasamento técnico e científico da Espanha, Canadá e Estados Unidos, reportando os desafios e as ações implementadas para reduzir o uso de antibióticos, reforçando mais uma vez que a aplicação do uso prudente é uma responsabilidade compartilhada de todos os profissionais envolvidos na cadeia.”

Se você não acompanhou a transmissão ao vivo desse webinar, a gravação do evento está disponível: