Voltar Publicado em: terça-feira, 18 de outubro de 2022, 11h48
Último trimestre do ano dá sinais de aquecimento da demanda
Veja o panorama completo de mercado do mês de outubro!
O mês de setembro foi marcado pela interrupção de um ciclo de alta das cotações médias mensais do suíno em todas as praças brasileiras. Ciclo este que iniciou em maio/22, tendo o seu ápice em agosto (gráfico 1).
O recuo nos preços no mercado doméstico em setembro coincidiu com a redução dos volumes exportados (tabela 1) que em agosto haviam atingido recorde histórico para um único mês.
Outubro demonstra novo viés de alta das cotações do suíno no mercado independente. Tomando como referência a Bolsa de Belo Horizonte (BSEMG), que em 22/09/22 publicou a cotação de R$ 6,40 válida para as negociações da última semana de setembro, desde a semana seguinte vem registrando alta, chegando a R$ 7,60 em 13/10 (+18,75%). Seria essa a tão esperada reação sazonal da demanda de final de ano? Acompanhemos as próximas semanas para confirmar esta questão.
Com relação às exportações, apesar da redução dos volumes embarcados em setembro/22 em relação a agosto/22 (-11,3%) e comparado com setembro do ano passado (-7,4%), o preço médio da carne suína in natura exportada em dólar foi o maior desde agosto de 2021, atingindo US$ 2.451 por tonelada (tabela 2), sendo que para a China nosso maior comprador, a cotação média em setembro foi de US$ 2.527 por tonelada (+4,6% em relação ao mês anterior), indicando um aquecimento da demanda por parte do gigante asiático.
No acumulado do mês de outubro/22, com dados de embarque até dia 14/10 (Secex) a média diária de carne suína in natura exportada pelo Brasil está em 5.688 toneladas por dia útil, com preço médio da tonelada em US$ 2.503. Estes volumes indicam que devemos fechar o mês de outubro próximo a 100 mil toneladas exportadas, quantidade bastante satisfatória e que confirma a retomada de um bom ritmo de embarques, ajudando a enxugar o mercado doméstico.
CONAB indica novo recorde na produção de milho e soja para a safra 2022/23
A CONAB publicou o primeiro levantamento de safra para o período 2022/23, estimando novo recorde de produção de soja e milho. O aumento de produção de milho (tabelas 3) previsto em relação à safra anterior (12,5%) baseia-se na estimativa de ampliação na área plantada (3,8%) e na maior produtividade (8,4%) nas três safras do período 2022/23. Para que esta previsão se concretize ainda há grande dependência das condições climáticas até o segundo trimestre de 2023, pois as projeções de crescimento da produção de milho no Brasil se concentram principalmente na segunda safra a ser colhida em meados de 2023 que deverá representar mais de 75% do volume produzido na safra 2022/23.
Por enquanto o clima tem ajudado no plantio da primeira safra de milho e na semeadura da soja brasileira que deve superar em mais de 20% a produção da safra passada com 152,3 milhões de toneladas, contra 125,5 milhões da safra 2021/22 (tabela 4).
No relatório da CONAB chama a atenção o volume previsto de exportação de milho (45 milhões de toneladas) para o período de fev/23 até jan/24. O último relatório do USDA publicado em 12/10, prevê 46,5 milhões de toneladas de milho a serem exportadas pelo Brasil entre mar/23 e fev/24, compensando a redução prevista da participação da Ucrânia no mercado internacional de milho (tabela 5).
A safra norte-americana de milho deste ano com a colheita bem adiantada (mais de 30% até 14/10) deverá ter uma redução ao redor de 15 milhões de toneladas em relação a safra anterior (359,6 x 375 milhões ton); na soja a redução da colheita norte-americana deve ser próxima de 4 milhões de toneladas (117,4 x 121,5 milhões ton).
Apesar de certa estabilidade nas cotações de milho, o custo de produção da suinocultura puxado principalmente pela alta do farelo de soja, continua em alta (tabela 6). As exportações brasileiras destes grãos não têm permitido recuo nos preços praticados no mercado doméstico.
Segundo o CEPEA, a relação de troca do suíno com os dois principais insumos da produção caiu em setembro/22 (gráfico 2) depois de uma certa recuperação em agosto em São Paulo e Minas Gerais, indicando que esta situação de margens negativas na atividade não se restringe aos três estados do sul.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que historicamente o último trimestre, especialmente os meses de outubro e novembro são de aquecimento da demanda do mercado doméstico por carne suína, com indústrias e varejo aumentando seus estoques para os festejos de fim de ano. “A copa do mundo de futebol que este ano se inicia na segunda quinzena de novembro, é mais um fator que deve aquecer a procura nas próximas semanas. Em paralelo, o valor unitário da carne suína exportada vem crescendo, o que tem ajudado a retomar altos volumes de embarques. Por outro lado, se os custos neste momento ainda não dão trégua, a expectativa de safra recorde para o ano que vem deve trazer um cenário de maior previsibilidade e estabilidade para o setor em 2023”, conclui.