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Voltar Publicado em: quarta-feira, 28 de janeiro de 2015, 1h02

ONG visa transição “sem impacto econômico” ao modelo de baia coletiva

ONG visa transição “sem impacto econômico” ao modelo de baia coletiva

World Animal Protection tem parceria com o Mapa, ONU e OIE

 

A WAP (World Animal Protection), principal ONG de defesa dos animais no mundo, defende a transição economicamente sustentável da produção de suínos para modelos com maiores níveis de bem-estar animal. A afirmação é da supervisora da organização sobre o tema, Juliana Ribas, para quem o uso de baias de gestação coletiva para matrizes é um “caminho sem volta” no setor.

“O uso de baias coletivas para matrizes suínas, quando bem manejadas, e compreendendo o comportamento e a fisiologia da espécie, gera inúmeros benefícios aos animais e aos produtores. Diversos estudos técnicos demonstraram que há diferentes modelos de gestação coletiva a serem utilizados sem prejuízo produtivo e, ao mesmo tempo, melhoras nas condições de bem-estar”, argumenta.

Os produtores, na visão da WAP, necessitam de apoio técnico e planejamento para evitar futuros prejuízos por conta de instalações deficientes ou manejo inadequado que podem comprometer o bem-estar e a produtividade. Assim, a própria entidade desenvolve materiais informativos e já prestou consultoria a mais de 400 frigoríficos no Brasil sobre o tema.

“A educação e a disseminação de informações técnicas acerca do tema, que desmistifiquem problemas e mostrem soluções práticas, são o principal caminho para uma mudança sustentável, duradoura e não traumática dentro da suinocultura brasileira”, expõe.

A especialista ressalta que as mudanças voluntárias, como foi o caso da BRF e outras granjas brasileiras, são bem vistas e estimulam uma transição mais rápida do setor para o sistema de baias coletivas. Para ela, a relevância do Brasil no mercado internacional leva os produtores a acompanhar as tendências internacionais para não perderem a competitividade.

A posição da WAP, no entanto, considera que os produtores não podem sofrer impacto econômico para fazer uma transição progressiva e de maneira economicamente sustentável. “Nós trabalhamos junto com o governo brasileiro para estimular o desenvolvimento de linhas de crédito que facilitem a adaptação do sistema. Hoje existe o INOVAGRO que pode ser utilizada para este fim, com juros baixos e carência alta para início de cobrança”, cita.

Apesar disso, a WAP não é uma certificadora e, assim, não emite nenhum selo ou certificado que ateste o cumprimento de padrões mais rigorosos de bem-estar animal nas granjas. “Acreditamos que colaborar com empresas, produtores e outras instituições que manejam animais de produção em harmonia com a demanda dos consumidores é uma oportunidade de atingir esse objetivo”, diz.

Debate técnico

Os benefícios técnicos das baias coletivas não são unanimidade entre técnicos e médicos veterinários. A American Veterinarian Medical Association (AVMA, do inglês Associação dos Médicos Veterinários dos Estados Unidos), por exemplo, defende que as gaiolas reduzem a competição por alimentos entre as matrizes e as interações agressivas, além de facilitarem a observação e o cuidado com os animais.

No entanto, a WAP considera esta visão como “superficial e imediatista” com base em estudos recentes e na experiência de produtores com o sistema de baias coletivas em diferentes locais. “Existem sistemas economicamente viáveis e técnicas de manejo que superam as dificuldades apontadas pela AVMA, possibilitando melhor controle alimentar, cuidado individual dos animais, manejo e reduzindo as agressões”, acrescenta Juliana.

De acordo com a representante da ONG, o sistema de baias coletivas melhora a movimentação e a expressão dos comportamentos naturais do animal, o que torna os suínos menos propensos a doenças, mais dóceis e produtivos.  “Sabemos que ainda é recente e que muitos estudos virão para aprimorar o modelo, mas temos a certeza de que este é um caminho sem volta. Não existe mais justificativa para o alojamento contínuo de matrizes em celas de gestação individual”, sentencia.

A WAP frisa que as baias coletivas, assim como qualquer sistema de alojamento de suínos, dependem intrinsecamente de uma boa relação homem-animal, e da qualidade do manejo executado. Juliana argumentou que, quando construídas corretamente e bem manejadas, as baias contribuem positivamente nos resultados zootécnicos da granja.

“Elas reduzem o estresse constante e a frustração psicológica, além de problemas psicológicos, como as estereotipais, aumento de úlceras gástricas, e problemas de fraqueza músculo esquelética”, enumera.

Estudos citados pela ONG mostram resultados zootécnicos semelhantes ou melhores que o sistema confinado em celas, como taxas de parição acima de 90%, nascidos vivos acima de 13 leitões por parto, retorno de cio menor que 4% e aborto abaixo de 1%, além melhoras quanto a maior uniformidade de peso de leitegada ao nascimento e maior longevidade das matrizes.

Outros tópicos

Além das baias coletivas, a WAP trabalha por mudanças em todas as fases da vida dos animais, tais como sistemas de alojamento de maternidade, mutilações como corte de dente e rabo, castração cirúrgica cruenta, enriquecimento ambiental nas diferentes fases, qualidade do ar e ambiência, transporte, manejo pré-abate e abate de suínos, relação entre o trabalhador e o animal desde o campo até o abate.

Com sede em Londres e escritórios em 14 países, a ONG trabalha pela proteção dos animais há 50 anos e é a única organização não governamental com status consultivo pela ONU (Organização das Nações Unidas), parceria com a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e representação no Parlamento Europeu. No Brasil, onde possui escritório, mantém parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a iniciativa privada.

Fonte: ABCS
Publicado em 28/01/2014