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Voltar Publicado em: terça-feira, 3 de fevereiro de 2015, 11h48

Suinocultura aguarda normalização da demanda para recuperar preços

Suinocultura aguarda normalização da demanda para recuperar preços

Especulação potencializa retração sazonal de preços no início de 2015

 

O preço da carne suína perdeu sustentação e recuou, em janeiro, de 13% a 22% nos principais estados produtores do país por conta da sazonal desvalorização de início de ano e de forte especulação do mercado.

No entanto, a estabilidade de oferta do produto sugere que as cotações podem recuperar-se, se não já nas próximas semanas, a partir de março ou abril. Do mesmo modo, a margem da atividade ainda é positiva graças à redução dos custos com insumos, como milho e soja.

“A oferta não está grande, mas a demanda está menor neste início de ano. É a lei da oferta e da procura. A orientação é ir com calma na produção para que o mercado interno, que responde por 85% do consumo, possa se recuperar após carnaval e quaresma”, introduz o diretor-executivo da ABCS, Nilo de Sá.

Vários fatores reforçaram a tendência sazonal de queda nos preços, especialmente no que se refere a demanda. Consumidores finais, processadores e mercados externos passaram as primeiras semanas do ano em marcha lenta.

“O preço caiu de maneira abrupta, mas seria pior se houvesse uma oferta excessiva. Os produtores souberam controlar a oferta ao longo de 2014 e para o início de 2015. O problema é que a demanda mudou, tanto no mercado interno como no externo”, explica o analista de mercado do CEPEA, Augusto Maia.

O início de ano, normalmente, é um período ruim para o mercado de carnes e ainda mais para a suína por conta das férias escolares e do calor. Neste ano, além disso, o preço mais alto do produto no final de 2014 inibiu o consumidor final, que está mais endividado e preocupado com as incertezas econômicas do país.

“A carne suína perdeu sustentação nos preços e os compradores perceberam a oportunidade de pressionar para baixo. Isso ocorreu porque a Rússia tem um lapso de importações no inverno, ao mesmo tempo que o verão e as férias escolares diminuíram a demanda interna. As outras carnes sofrem menos, pois o boi pode ficar no pasto e o frango já é mais barato”, analisa.

Com a pressão dos compradores, o preço da carne suína caiu de maneira exagerada apesar de não haver “peso acumulado” nas granjas ou estoques do produto entre os processadores, ou seja, o mercado continua fluindo.

“Vejo exagero na queda dos preços, pois agroindústrias e frigoríficos viraram o ano e passaram janeiro sem estoques. Todo exagero, seja para cima ou para baixo, acaba sendo ajustado. Neste momento é importante os produtores endurecerem porque os preços vão se recuperar”, avalia o presidente da ACSURS, Valdecir Folador.

No Rio Grande do Sul, o quilo do animal vivo, que teve média de R$ 4,26 em dezembro, foi vendido a R$ 3,56 na última semana de janeiro, o que representa uma redução de 16,5%. Para Folador, o mercado gaúcho tem condições de pagar por volta de R$ 3,80 neste momento.

A preocupação dos suinocultores em não “acumular peso” nas granjas em um momento de hiato no consumo permitiu que os compradores pudessem oferecer menos pelo produto. A expectativa em Minas Gerais é que, com o fim das férias, os preços possam se recuperar já nas próximas semanas, pois não há excesso de oferta.

“Baixou para o produtor, mas o varejo está do mesmo jeito. O começo de ano é sempre atípico. O mercado pode recuperar a partir de fevereiro. Isso depende de o produtor manter a calma para vender melhor”, comentou o vice-presidente da ASEMG, José Arnaldo Cardoso Penna. Os preços em Minas Gerais recuaram 13,1% em janeiro, de R$ 4,60 para R$ 4 por quilo de animal vivo.

A tendência repete-se em Santa Catarina, que observou os preços pagos aos independentes baixarem de R$ 4,10 para R$ 3,50, uma redução de 14,7%. “Isso não nos preocupa, pois não temos animal sobrando. O que é produzido está sendo vendido. Devemos manter a normalidade de oferta e o preço vai se recuperar. Em 25 anos, o preço subiu apenas três vezes no início do ano”, argumenta o presidente da ACCS, Losivanio De Lorenzi.

Para ele, as cotações vão subir a partir de março e abril e a atividade terá boa remuneração em 2015. “Depois do carnaval ou da quaresma, o mercado interno e as exportações vão se normalizar e o preço subirá. Além disso, os grãos têm tendência de queda e já operam abaixo dos R$ 1 mil para a soja e R$ 30 a saca de milho. Tenho convicção em bom retorno para nossa atividade neste ano”, confia.

De fato, a queda do preço do petróleo induz a uma maior disponibilidade de milho nos EUA ao mesmo tempo que a China, um dos principais destinos de grãos, limitou as importações de soja.

“Além disso, as notícias também são boas para produção interna. Apesar da estiagem, as estimativas para a safra de grãos apontam para um recorde, assim como haverá menos embarques e o estoque de passagem está confortável”, acrescenta Augusto.

O analista do CEPEA também acredita que, a médio e longo prazo, os preços da carne suína vão se recuperar pelo alojamento bem ajustado, mas a valorização depende da demanda.

“A recuperação depende agora do mercado consumidor. Rússia volta a partir de final de fevereiro e as aulas escolares também. Os pagamentos no começo do mês também ajudam e, até mesmo, uma queda no preço de varejo pode estimular o consumidor final”, enumera.

O mercado de São Paulo experimentou a maior desvalorização em janeiro com queda de 22,1%, de R$ 4,80 para R$ 3,74, para o quilo do animal vivo. “O consumo não caiu na mesma proporção, mas os frigoríficos estão com problemas e o consumidor final está preocupado com a indefinição econômica. Temos um efeito dominó pelo menos até o carnaval. Vejo uma demanda retraída para 2015, mas não temos excesso de oferta”, comenta o presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Júnior.

Além da queda de preços, Ferreira aponta outros fatores preocupantes que podem prejudicar a atividade em 2015. “Apesar de grãos mais baratos, outros insumos vão subir os custos e podemos ter menor produtividade pelo calor. Há até possibilidade de racionamento de água e energia. É um cenário diferente de tudo que vi em décadas na atividade. As granjas devem ter um cuidado especial com a produtividade”, alerta.

Fonte: ABCS
Publicado em 03/02/2014