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Voltar Publicado em: quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015, 12h16

Exigência de bem-estar animal está em todas as fases da suinocultura

Exigência de bem-estar animal está em todas as fases da suinocultura

Boas práticas beneficiam animais, produtores e consumidores

A suinocultura baseada no bem-estar animal supõe a adoção de critérios e práticas em todas as suas fases, desde o nascimento até o abate, e as exigências neste tema tendem a aumentar à medida em que a ciência aponta novos tópicos e a sociedade civil os adota como exigência.

A atividade suinícola brasileira experimentou uma melhora expressiva nas condições de criação dos animais nos últimos anos e, ainda mais, se consideradas as últimas duas ou três décadas.

“O bem-estar animal melhorou desde as instalações, equipamentos, mão de obra e nutrição até sanidade, transporte e abate. Esta evolução melhora a qualidade de vida dos animais e das pessoas”, introduz o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Osmar Dalla Costa.

Há 30 anos, entre outros exemplos, as instalações costumavam ter pé direito baixo, que piorava a qualidade do ar e o estresse térmico dos suínos, e os trabalhadores faziam muita força para manejar os animais por utilizar técnicas e equipamentos ineficientes.

“A suinocultura vive, há anos, uma realidade cada vez mais tecnificada e temos muitos exemplos de unidades produtivas com pressão negativa, ambiente climatizado, escamoteador, ração automatizada e, muito importante, de conscientização crescente da mão de obra sobre o manejo apropriado”, acrescenta.

Além de beneficiar animais e os trabalhadores, a utilização de padrões mais exigentes de bem-estar animal coincide com ganhos de produtividade em boa parte dos casos. “Os produtores brasileiros estão muito à frente da legislação pois, quando percebem maior rentabilidade e melhores condições, adotam novos padrões por si sós antes de qualquer obrigatoriedade”, comenta.

A seguir, uma breve introdução sobre alguns dos principais tópicos de bem-estar em diferentes fases da suinocultura a partir da entrevista com o pesquisador da Embrapa e o mestrando em Zootecnica da Unesp, Filipe Antonio Dalla Costa:

Matrizes

Tópico mais debatido atualmente, as baias de gestação coletiva são direcionadas para a fase das matrizes e seguem padrões validados pela comunidade científica internacional. Segundo o pesquisador da Embrapa, o modelo apresenta dois tipos principais: com alimentação automatizada e sem alimentação automatizada.

“Na linha de alojamento de matrizes, o sistema de baias coletivas veio para ficar. Mas é preciso planejamento e, por isso, recomendo suporte técnico e consultoria”, sugere Costa.

Creche

Os principais cuidados de bem-estar animal na fase de creche estão relacionados ao uso adequado do piso, ambiência térmica e, no futuro próximo, na relação de comedores por animal e densidade por metro quadrado.

“Estes tópicos são muito importantes para todo o desenvolvimento do animal pois, se um leitão menor precisar disputar espaço para se alimentar com outros mais pesados, a tendência é que se alimente mal e tenha o desenvolvimento prejudicado”, pondera.

Engorda

Na fase de engorda, os diferenciais para preservar o bem-estar dos animais são a qualificação da mão de obra, instalações adequadas como comedouro e espaço por animal, tecnologias de imunocastração, embarcadores apropriados e manejo.

“Mostramos para os funcionários que o jeito de tratar o animal pode facilitar o trabalho. Quando passamos este conteúdo, eles entendem que não é força e sim técnica”, relata.

Transporte

O transporte também é etapa importante das boas práticas e inclui desde o treinamento dos motoristas (leis de trânsito, direção defensiva, evitar freadas bruscas, velocidade e distância da plataforma) até o tipo e o piso das carrocerias. A Embrapa, inclusive, oferece treinamentos em todo o Brasil e até no exterior sobre o tema.

“A carroceria mais recomendada é aquela de plataforma móvel e hidráulica que reduz o ângulo de inclinação e facilita o acesso dos funcionários. Também é preferível o piso antiderrapante, o uso de divisórias e adequações para o inverno e o verão”, lembra.

Abate humanitário

O mestrando em zootecnia do Grupo de Estudo Ético da Unesp, Filipe Antonio Dalla Costa, explica que o abate humanitário envolve todas as fases desde o manejo pré-abate e visa evitar o sofrimento desnecessário.

“Um dos pontos críticos é a insensibilização, que tem dois sistemas aceitos: o americano, que usa gás e é pouco comum no Brasil, e insensibilização elétrica. Deste modo, o animal não sente nenhum tipo de dor quando vem a sangria. Isso tem efeito na dor e na qualidade de carne”, destaca.

O pesquisador da Unesp ressalta ainda que, além da qualidade da carne, o consumidor dificilmente aceitaria consumir produtos a partir de animais maltratados. “Se trata de uma questão moral. Os consumidores valorizam o alimento ético que adota o bem-estar animal como também o respeito ao meio ambiente e ao aspecto social”, finaliza.

Fonte: ABCS
Publicado em 04/02/2014