Voltar Publicado em: quinta-feira, 12 de março de 2020, 4h45
ABCS reúne lideranças da suinocultura em Brasília para planejar ações de 2020
Encontro discutiu o cenário deste ano para o setor, além de perspectivas políticas e de mercado
Com o intuito de atualizar as afiliadas sobre as principais tendências de mercado e discutir os desafios sanitários, além de oportunidades e desafios para a suinocultura em 2020, foi realizado na última terça e quarta-feira (10/03 e 11/03) o Encontro Estratégico de Lideranças do Sistema ABCS. O evento aconteceu no hotel Brasília Palace, primeiro hotel de Brasília, símbolo da arquitetura modernista, projetado por Oscar Niemeyer. Estiveram presentes os presidentes e gestores de 10 associações estaduais e três regionais.
A abertura do encontro, na terça-feira (10/03), contou com um Coquetel de boas-vindas. Na ocasião, além dos representantes das afiliadas, também participaram três autoridades, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Alceu Moreira, o presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura, deputado federal José Carlos Schiavinato, e o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Eduardo Sampaio. Os três comentaram sobre os cenários da suinocultura e as perspectivas das políticas públicas para o setor neste ano, sobre a atuação da FPA e sobre o Plano Safra 2020-2021.
Na quarta-feira (11/03), a programação foi repleta de conhecimento. O palestrante Dr. Maurício Dutra, médico veterinário com PHD em epidemiologia experimental pela USP, trouxe o contexto sobre a disseminação da Peste Suína Africana (PSA) no mundo, os principais impactos no rebanho, atualizações sobre o status da doença na Europa e Ásia, os focos encontrados e as medidas de prevenção e controle a serem tomadas no momento atual.
Segundo o médico veterinário, acredita-se que seja necessário em torno de dois anos a dois anos e meio para regularizar situação na Ásia. Para o especialista, a adoção de práticas de biossegurança é a principal forma de prevenção, uma vez que ainda não há tratamento efetivo para a PSA.
“É uma doença que o Brasil ainda continua livre dela, mas existem os riscos por questão de comércio com a China, com os países asiáticos e transporte de pessoas. Nós temos esses riscos, eles são relativamente baixos, mas, como essa doença continua disseminando nos mercados de produção suína relevante e o Brasil é o quarto maior produtor mundial, vale da nossa parte intensificar as práticas de biossegurança, controle de portos e aeroportos e fiscalização de matérias primas usadas na produção animal”.
O consultor da ABCS, Iuri Machado, fez um panorama sobre o mercado, trazendo dados atuais do balanço de 2019 para a suinocultura e a influência dos eventos na China no mercado mundial e no mercado brasileiro. Ele destacou a redução do rebanho suíno na China devido à PSA, a produção em queda, o aumento da importação e também os impactos do Coronavirus nesse contexto.
No Brasil, para o consultor, o crescimento da produção de suínos nos próximos anos deve se ancorar na busca de novos mercados de exportação e, principalmente no aumento do consumo per capita do mercado doméstico.
“A suinocultura vem crescendo nos últimos anos e temos que entender que essa questão da China é transitória. Talvez até o ano que vem nós teremos uma redução na demanda chinesa com relação à importação de carne do Brasil. E por outro lado, nós temos que aumentar também a exportação para outros países. Mas, o principal ponto que temos que trabalhar é o consumo interno, e aumentar esse consumo per capita do brasileiro. É aí que deve estar o foco das entidades”, reforçou.
Com o objetivo de atuar de forma transparente quanto ao trabalho da ABCS, a entidade também apresentou os resultados financeiros de 2019. Segundo a gerente administrativo financeira, Cássia Campagnaro, a gestão do ano foi muito eficiente e permitiu um resultado positivo.
“Esse trabalho teve esse resultado devido à gestão mais próxima do conselho de administração, a participação do presidente foi fundamental e esse cuidado que a gente tem mês a mês de avaliar receitas e despesas. A ABCS está caminhando forte para conseguir se manter e crescer ao mesmo tempo e isso tudo é possível junto com os outros projetos, o FNDS, as parcerias, essa soma de todos os trabalhos que trazem esse resultado positivo”.
Área tecnico-político
Charli Ludtke, diretora técnica da ABCS, abordou o bem-estar-animal em sua apresentação no encontro. De acordo com a diretora, para assegurar o consumo de uma carne suína brasileira de qualidade é necessário trabalhar fortemente com essa questão, citando também a necessidade da publicação da Instrução Normativa (IN) sobre o tema. “Temos que ficar atentos às exigências do mercado consumidor e ver a melhor forma de nos adequar a elas”.
Ela enfatizou o trabalho da ABCS, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e também ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) de levar informação aos produtores quanto às ações para preservar a saúde dos rebanhos. Outra questão que entrou em debate foi o status da PSC no Brasil, os novos focos e os grupos de trabalho formados para executar o Plano Estratégico Brasil Livre de PSC.
Oportunidades e Desafios na área política também entraram em pauta no encontro de líderes. As consultoras de relações governamentais da ABCS, Luciana Lacerda e Ana Paula Censi, discutiram sobre as principais iniciativas do governo em relação ao agronegócio e as prioridades da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para 2020. Também foram debatidos os impactos das eleições municipais deste ano para os suinocultores e os desafios nesse sentido.
“É um ano de desafios para toda a cadeia já que temos eleições municipais. As afiliadas devem estar atentas a seus candidatos, se eles entendem o agro e estão dispostos a atender o setor nas leis do estado e município, pois isso reflete no trabalho nacional. Os deputados e o ministério trabalham cada vez mais com dados que venham do setor e das regiões para fazer as políticas públicas e , por isso, a cadeia precisa estar cada vez mais unida e participativa junto à ABCS para fecharmos os temas sanitários e legislativos que temos para trabalhar”, explicou Ana Paula.
Comunicação e marketing
2020 veio com novidades nos setores de marketing e de comunicação da ABCS. A entidade lançou a nova Cartilha de Churrasco e apresentou as novas ações de marketing e comunicação no evento. A diretora de marketing e projetos da entidade, Lívia Machado, compartilhou com os presentes as tendências de alimentação dos brasileiros, falou também dos resultados que a ABCS gerou ao longo dos últimos 10 anos e da importância das parcerias com o Sebrae e das contribuições do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS).
Ela comentou sobre a necessidade de união entre os elos da cadeia no compromisso de aumentar o consumo da carne suína no Brasil. “Colocar a carne suína no cardápio do brasileiro é o nosso propósito. Para isso, precisamos pensar como cadeia, ter o sistema unido para alcançar resultados grandiosos para o setor, principalmente no desafio de fazer crescer o consumo da carne suína”. Lívia Machado ainda apresentou a nova cartilha de churrasco da ABCS, que foi presenteada aos participantes do encontro junto a um kit de churrasco.
Já a consultora de marketing estratégico, Danielle Sousa, mostrou a todos os novos materiais preparados com muito empenho pelo setor de comunicação. Dentre eles, os pacotes de comunicação, com conteúdos para as redes sociais e campanhas temáticas. Além disso, foi anunciada a reformulação do site da ABCS, que será lançado em Maio, o novo formato da Revista da Suinocultura, que agora é digital, o uso da ferramenta Keeva para armazenagem e busca de conteúdos e a nova identidade do registro genealógico. “Queremos multiplicar os resultados da suinocultura, estamos muito dispostos a construir juntos”, afirmou Danielle.
O encontro foi encerrado com a eleição das demandas prioritárias do sistema para 2020, conduzida pelo presidente da ABCS, Marcelo Lopes. Na ocasião, houve espaço para debate e exposição de opiniões dos presidentes e gestores das afiliadas presentes no evento. A gestão da ABCS ganhou um feedback positivo e também a iniciativa dos Workshops sobre doenças virais de importância na produção de suínos, que levaram conhecimento aos produtores.
O presidente da ABCS agradeceu a presença de quase a totalidade do sistema e reforçou que “a suinocultura brasileira continuará construindo um trabalho conjunto e sendo forte juntos”.