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Voltar Publicado em: segunda-feira, 16 de dezembro de 2024, 2h43

Após atingir recorde em novembro, cotações do suíno recuam

Confira o último boletim de mercado de 2024!

Desde junho as cotações do suíno vivo e das carcaças apresentaram alta, até atingir recorde nominal em novembro. A escassez de carne suína no mercado doméstico, ocasionada pela produção estável e exportações em alta, se intensificou em outubro e novembro, com a esperada “sobre demanda” de fim de ano. Porém, na entrada do mês de dezembro houve um recuo significativo no preço pago ao produtor, dando mostras de que a alta sazonal passou (gráficos 1 e 2).

Fonte: CEPEA
Fonte: CEPEA

Analisando a bolsa de suínos de Belo Horizonte (BSEMG), a queda, em duas semanas, foi de pouco mais de 22% (tabela 1), saindo de R$ 10,30 em 28/12 para R$ 8,00 em 12/12. Como não houve alterações significativas na produção e exportação neste curto período, sugere-se que parte desta acentuada queda seja resultante de movimento especulativo, intensificado pelo efeito “manada” de produtores ofertando mais para aproveitarem o melhor preço antes da retração.

* viés do preço em relação a semana anterior, quando não há acordo (preço sugerido)
Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados da BSEMG

A tradicional “sobre demanda” de final de ano já foi suprida e espera-se, para as próximas semanas uma acomodação dos preços em patamares muito similares a média praticada entre julho e setembro/24, período que antecedeu às “campanhas de fim de ano” da indústria e do varejo.

Segundo o CEPEA, o cenário de altas acentuadas observado ao longo de novembro foi resultado de uma união de fatores: demandas interna e externa aquecidas, oferta restrita de animais para abate e ganhos de competitividade da proteína suína em relação à carne bovina no mercado doméstico (maior patamar desde junho/23).

Chama bastante a atenção o movimento do mercado de boi gordo que, a exemplo do suíno, teve alta bastante acentuada nos últimos meses, atingindo valores máximos em novembro, com recuo na entrada do último mês do ano (gráfico 3).

Fonte: CEPEA

A carcaça bovina que dia 27 de novembro chegou a bater em R$ 352,65/@ em São Paulo (CEPEA), despencou para R$ 313,80 em 13 de dezembro, queda de 11% em pouco mais de duas semanas (gráfico 4).

Fonte: CEPEA

As exportações de carne suína in natura seguem superando marcas do ano anterior, com volumes acumulados de janeiro a novembro de 2024, praticamente igualando os volumes totais de 2023 (tabela 2). Também a redução da dependência da China, com crescimento das Filipinas como principal destino, e outros compradores relevantes segue a tendência de pulverização das vendas externas (tabelas 2, 3 e 4 e gráfico 5).

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex
Ordem dos países estabelecida sobre volumes de 2024.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Sobre os insumos, a CONAB divulgou, no último dia 12, o terceiro levantamento da safra brasileira 2024/25, sem grandes alterações em relação ao anterior. Já o USDA, em documento publicado dia 09, estimou redução dos estoques finais da safra mundial 2024/25 de MILHO em quase 8 milhões de toneladas em relação ao levantamento de novembro (-2,6%).

Segundo o Cepea, em novembro, o poder de compra de suinocultores paulista se recuperou frente ao milho e cresceu pelo quinto mês seguido em relação ao farelo de soja. Porém, com a queda do preço do suíno em dezembro, mesmo com a estabilização do preço do milho (gráfico 6), a tendência é de redução do poder de compra do suinocultor em relação ao cereal.

Fonte: CEPEA

O balanço do setor no mês de novembro foi o de melhores margens financeiras (tabela 5), mesmo com os custos em elevação no período.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos), Cepea

Considerações finais

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, apesar da retração de preço nas últimas semanas, a suinocultura brasileira teve em 2024 um ano de recuperação, com margens positivas e produção estável. “Com a virada do ciclo pecuário da bovinocultura de corte, 2025 deve ocorrer redução de disponibilidade interna de carne bovina, sem ainda um crescimento expressivo da produção de suínos, determinando a insuficiência de oferta de proteína animal diante da demanda doméstica e internacional, o que deve possibilitar bons preços para os produtores, a exemplo do que vimos no segundo semestre de 2024. Quanto aos insumos é preciso atenção maior sobre o milho, não somente na produção brasileira, mas também nos estoques mundiais que sinalizam para serem os mais baixos dos últimos anos”, conclui.